domingo, 7 de setembro de 2008

Love story - História de amor

Morre Bobby Fischer, o maior jogador de xadrez em 21/1/2008

O enxadrista morreu quase no esquecimento no lugar mais importante de sua carreira: na Islândia.


O americano Bobby Fischer, talvez o melhor jogador de xadrez da história, morreu logo no lugar em que obteve a vitória mais importante de sua carreira: na Islândia, onde conquistou o Mundial de 1972 derrotando o russo Boris Spassky na decisão.

Aos 64 anos - exatamente o número de casas do tabuleiro -, Bobby Fischer morreu quase no esquecimento, após ter sido um gênio no mundo do xadrez. Além das belas estratégias, suas excentricidades permitiram que os enxadristas tivessem condições melhores.

Segundo o site do jornal islandês "Morgunbladid", Fischer morreu em sua casa na capital islandesa Reykjavik, onde vivia desde março de 2005. Ele permaneceu internado num hospital local em outubro e novembro.

O duelo com Spassky, na capital islandesa Reykjavik, foi um dramático, e mostrou todos os traços fundamentais que caracterizavam a personalidade genial e complexa de Bobby Fischer.

Suas manias - ele se negava a jogar sentado numa cadeira, por exemplo - deram muito o que falar. Seus inimigos afirmavam que, debaixo do banco giratório, estava um computador que lhe explicava tudo.

Muitos achavam que o fato era mesmo verdade a partir do momento que ele pediu que suas partidas não fossem mais transmitidas pela televisão, pois as câmeras impediam sua concentração.

Caracterizado por um jogo agressivo e inovador, Fischer chegou à final do Mundial contra Spassky aos 29 anos, após superar o ex-campeão do mundo Tigran Petrosian.

O soviético, que defendia o título, começou o duelo como favorito e venceu as duas primeiras partidas. Fischer ganhou a terceira e, a partir daí, dominou as ações.

Quando obteve uma vantagem suficiente, ambos começaram a empatar muitas partidas até que, faltando um ponto para a vitória, Fischer resolveu acabar com o confronto.

Após levar o título, o americano considerou cumprido seu objetivo dentro do xadrez e praticamente desapareceu da vida pública durante um longo período - muitos disseram que ele tinha se refugiado num mosteiro budista para meditar.

Em 1975, quando teve de defender o título contra o russo Anatoly Karpov, fez exigências inaceitáveis à Federação Internacional e acabou perdendo por ausência. São fatores como este que tornam difícil distinguir o que é real do que foi sendo criado em torno de sua figura.

Alguns quiseram torná-lo um herói anticomunista e outros o viam como um modelo de patriota americano que tinha como objetivo arrancar o Mundial de xadrez das mãos da União Soviética.

Mas esta imagem acabou destruída em 1992, quando Fischer reapareceu publicamente e, quebrando o boicote internacional à antiga Iugoslávia, voltou a superar Spassky em Belgrado, em meio à guerra dos Bálcãs, com um cachê de US$ 3 milhões.

Fischer pensou em viver na Iugoslávia, transformada na inimiga emblemática da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, e mais tarde, transgredindo as leis americanas, esteve em Cuba.

Por isso, passou a ser perseguido pelo Governo dos EUA, que decretou uma ordem de prisão contra ele emitida pelo FBI. O herói americano tinha virado vilão.

Em junho de 2004, Fischer foi detido no Japão ao tentar usar seu passaporte americano. Ele acabou oito meses num centro para imigrantes ilegais e só saiu porque foi acolhido pelo Governo islandês, que lhe deu cidadania por conta de sua popularidade pelo duelo com Spassky e escapou da extradição.

Durante o período na capital japonesa, o enxadrista disse que sua prisão foi um "seqüestro" organizado pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e sua "marionete", o então primeiro-ministro do Japão Junichiro Koizumi.

Logo ao chegar a Reykjavik, ele deu declarações anti-semitas - mesmo sendo filho de uma judia - e ofensivas aos EUA. Durante sua estadia na Islândia, Fischer afirmou que o xadrez estava "morto" para ele.

Mesmo assim, a história do esporte sempre o verá como um herói. Afinal, nunca uma partida trouxe tanta atenção e popularidade ao esporte como seu duelo com Spassky.

Nascido em Chicago no ano de 1943, Fischer sempre será relacionado à capital da Islândia, onde obteve a principal conquista de sua história. Naquela série, por respeito à fé judaica, nenhuma partida foi disputada sábado.

Schack i Sverige - Xadrez infantil na suécia.